Inda que de névoa disfarçado
Tento teu corpo na moldura fixar
Suave nave de umidade e flutua
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que teu corpo vela
O corpo que à névoa deste)
Reflete o corpo teu tênue luz
E treme no ar que o cintila
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que se faz no corpo dela
0 corpo que da névoa reste)
De vapor teu corpo esfumaçado
No alvor se inscreve e eu me curvo
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que penetra nela
E o corpo de realce desce)
Insinuando formas e favores
Seu corpo edifica meu assombro
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que seu corpo gela
O corpo de frescor celeste)
Se realiza em encanto fosco
Se afirmar vem liberto corpo
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa em seu corpo bela
O corpo que de branco veste)
No balanço que flutua o vulto
Emerge seu corpo que sussurra
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que seu corpo péla
O corpo que a meu corpo deste)
Vestido de alvura e finginmento
Seu corpo desenha são desejo
Inda que de névoa disfarçado
(a névoa que a seu corpo apela
O corpo que em meu corpo investe)
Pois sempre nesse corpo-névoa
Me realço e relaço-me apegado
Me instigo e de infinito me desfaço
Inda que de névoa disfarçado
Francisco Igreja